Celso
Furtado, um dos principais expoentes da teoria desenvolvimentista
latino-americano, preocupou-se em compreender que condições permitem subordinar
as transformações capitalistas aos desígnios da coletividade. Ele contrapôs o
conceito de subdesenvolvimento, este tido como estado “ideal”.
O
subdesenvolvimento é um processo estrutural específico, não uma fase antes do
desenvolvimento. Sua obra traz a luta para superação da dependência e pela
democratização da sociedade latino-americana. Suas pesquisas apontam a relação
entre a origem do subdesenvolvimento e o pesado legado do período colonial, o
qual persevera à presença de classes dominantes aculturadas, obcecadas em
imitar o estilo de vida e de consumo das economias à custas da integração de
considerável parcela da população a melhores padrões de vida. O autor também
analisa questões teóricas sobre os obstáculos ao desenvolvimento das economias
periféricas, bem como interpretações históricas sobre a formação econômica da
America Latina e do Brasil.
Ainda
hoje a obra de Furtado, em especial Formação econômica do Brasil, é de grande
relevância e serve de base para cursos de economia e ciências sociais. De
acordo com Sampaio, primeiro, porque é preciso buscar as origens históricas
mais remotas para compreender a gravidade da crise brasileira; e segundo,
porque feitos os devidos ajustes ao seu arcabouço teórico fica clara a
necessidade de se enfrentar as causas profundas do subdesenvolvimento.
Para ele,
o subdesenvolvimento tecnológico seria uma das formas de romper com a estrutura
centro-periférica fica claro que suas contribuições se mantem atuais na
influência das transnacionais sobre o nosso padrão de consumo, o acessoa novas
tecnologias da informação, nossos símbolos e valores culturais. Na condição de
país subdesenvolvido, não alcançamos nem autossuficiência nem competitividade em
relação aos países do centro, e por outro lado, adotamos seu padrão de consumo
como ideal, ainda que excludente à boa parte da população. Por isso, o
desenvolvimento tecnológico interno seria um importante fator para romper com a
estrutura centro-periférica.
Caio Takaki Coelho é estudante do Bacharelado de Ciências e Humanidades da UFABC
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