A obra expõe o patriarcalismo como forma de organização social brasileira, que era refletido na Casa Grande e nas suas relações com a Senzala, essa Casa Grande fazia parte de um engenho, que por sua vez era autogerido. O auto-funcionamento se dava através do trabalho, pelo sistema escravocrata; do modo de produção, pela monocultura latifundiária cafeeira ou açucareira; do transporte, pelas formas de locomoção da época, como o carro-de-boi; da higiene, pela detenção dos recursos relacionados à ela pela Casa Grande; pela política, por meio do compadrismo, e por fim, pela religião, com o catolicismo poligâmico. Dessa forma, Freyre equipara o engenho a um semifeudo, onde o Senhor de Engenho detinha grandes porções de terra, provindas das já não mais existentes sesmarias, e continha uma influência e poder político sobre as pessoas que no engenho estavam.
A própria arquitetura da Casa Grande e da Senzala perpetuava as relações sociais da época. O distanciamento desses dois blocos era a representação de um dualismo existente no sistema, contudo, Gilberto Freyre expõe e coloca o mestiço, produto de um homem branco com uma mulher negra ou índia escrava, como representação de um apaziguamento desse maniqueísmo. A consequência disso foi uma maior integração dos mestiços, negros e indígenas na Casa Grande.
A importância e impacto da obra de Freyre é, sem dúvidas, incontestável. Um livro coerente, onde são expostas diversas relações existentes no Brasil, que foram tratadas de uma forma inovadora. As relações postas entre a Casa Grande e a Senzala, não só em seu aspecto social e político, mas também físico, explicaram a forma de gestão do sistema patriarcal como forma de organização social e como ela moldou a "democracia racial".
Andréa Paradella de Oliveira e Vinicius Souza Fernandes são alunos do Bacharelado de Ciências e Humanidades da UFABC.
Nenhum comentário:
Postar um comentário