O nazismo além-mar
O estudo do tema nazismo no exterior mostra a dimensão ambiciosa de Hitler em sua proposta. Não era somente a Alemanha que interessava, nem a Europa: eram os cincos continentes. Os braços de seu partido se estendiam à África, América, Oceania, Ásia, Europa. Estudar os planos — mesmo que felizmente não realizados —, os desejos, as organizações e as formas de propaganda mostrou-nos o quanto a humanidade, de uma maneira geral, viveu ameaçada pelo fantasma da Suástica. Documentos do Arquivo Federal da Alemanha relataram que o governo alemão estudava o movimento e trânsito dos judeus imigrados para o Brasil.
O governo brasileiro teria, durante o período de funcionamento do partido nazista, “fechado os olhos” para as atividades partidárias. As relações amigáveis de Getúlio Vargas com Hitler interessavam prioritariamente pelas questões comerciais — leia-se tratados de exportação e importação —, nos quais a Alemanha figurava como um importante comprador das matérias-primas brasileiras, em especial o café e o algodão.
Quanto ao plano político, o treinamento de policiais brasileiros pela GESTAPO pode ser citado e, no plano ideológico, a caça ao chamado “perigo vermelho” (comunismo) foram pontos de convergência na política de repressão dos dois países. Como maneira de otimização e mesmo como variável de negociação entre Brasil e Alemanha, foi possível ao partido nazista funcionar de 1928 a 1938, oito anos durante a chamada Era Vargas (1930-1945). Só depois de uma década — quando a existência deste partido entrou em confronto com as diretrizes nacionais que proibiam atividades políticas estrangeiras e, ao mesmo tempo, procuravam “nacionalizar” as minorias estrangeiras, intervindo em escolas, clubes, bancos e demais associações estrangeiras, proibindo o uso de outros idiomas em público — o partido nazista se tornou alvo de investigação e controle e foi finalmente proibido em 1938.
Muito já se discutiu sobre os possíveis alinhamentos ideológicos do presidente Getúlio Vargas com o nazismo. No entanto, o que fica explícito é que durante a década de 1930 houve interesses por trás desta relação amigável entre os dois países. Qualquer ruído da ordem de “reprimir” o partido nazista estrangeiro poderia prejudicar tal relação.
Assim, durante praticamente toda a década de 1930, os órgãos censores e repressores do Governo Vargas — o DIP (Departamento de Imprensa e Propaganda) responsável pela censura no País e o DEOPS (Departamento Especializado de Ordem Política e Social), a temida polícia política — passaram ao largo dos nazistas. Lembrando que, além do partido nazista, outros partidos e movimentos políticos participavam de um cenário de efervescência dos anos 1930 no Brasil. Movimentos como o anarquismo, trazido pelos imigrantes italianos, o comunismo, o integralismo e movimentos do operariado são alguns exemplos.
Trecho retirado da tese Nazismo Tropical, O partido nazista no Brasil.
DIETRICH, Ana Maria. Nazismo Tropical. O partido nazista no Brasil. São Paulo: USP, 2007. Disponível em: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8138/tde-10072007-113709/pt-br.php
1. Com base no texto acima e no documentário Conspiração Nazista, plano para dominar a América Latina responda (PARA RESPONDER COM OS MESMOS INTEGRANTES DO SEU SEMINÁRIO):
a) Como era a relação do Governo Vargas com o regime nazista?
b) Houve de fato uma Conspiração Nazista na América Latina
c) Escolha uma das entrevistas, transcreva um trecho e analise.
d) Que fontes históricas o autor do documentário utilizou (fotos, etc.) e foram encontradas em quais lugares?
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