Os conceitos e faltas se encontram no link abaixo
Interpretações do Brasil/ Profa. Dra. Ana Maria Dietrich (UFABC)
Este Blog é um instrumento para a comunicação e divulgação de atividades da disciplina "Interpretações do Brasil", ministrada pelo Profª. Dra. Ana Maria Dietrich para os alunos da UFABC.
quarta-feira, 23 de agosto de 2017
Celso Furtado e a teoria desenvolvimentista
Celso
Furtado, um dos principais expoentes da teoria desenvolvimentista
latino-americano, preocupou-se em compreender que condições permitem subordinar
as transformações capitalistas aos desígnios da coletividade. Ele contrapôs o
conceito de subdesenvolvimento, este tido como estado “ideal”.
O
subdesenvolvimento é um processo estrutural específico, não uma fase antes do
desenvolvimento. Sua obra traz a luta para superação da dependência e pela
democratização da sociedade latino-americana. Suas pesquisas apontam a relação
entre a origem do subdesenvolvimento e o pesado legado do período colonial, o
qual persevera à presença de classes dominantes aculturadas, obcecadas em
imitar o estilo de vida e de consumo das economias à custas da integração de
considerável parcela da população a melhores padrões de vida. O autor também
analisa questões teóricas sobre os obstáculos ao desenvolvimento das economias
periféricas, bem como interpretações históricas sobre a formação econômica da
America Latina e do Brasil.
Ainda
hoje a obra de Furtado, em especial Formação econômica do Brasil, é de grande
relevância e serve de base para cursos de economia e ciências sociais. De
acordo com Sampaio, primeiro, porque é preciso buscar as origens históricas
mais remotas para compreender a gravidade da crise brasileira; e segundo,
porque feitos os devidos ajustes ao seu arcabouço teórico fica clara a
necessidade de se enfrentar as causas profundas do subdesenvolvimento.
Para ele,
o subdesenvolvimento tecnológico seria uma das formas de romper com a estrutura
centro-periférica fica claro que suas contribuições se mantem atuais na
influência das transnacionais sobre o nosso padrão de consumo, o acessoa novas
tecnologias da informação, nossos símbolos e valores culturais. Na condição de
país subdesenvolvido, não alcançamos nem autossuficiência nem competitividade em
relação aos países do centro, e por outro lado, adotamos seu padrão de consumo
como ideal, ainda que excludente à boa parte da população. Por isso, o
desenvolvimento tecnológico interno seria um importante fator para romper com a
estrutura centro-periférica.
Caio Takaki Coelho é estudante do Bacharelado de Ciências e Humanidades da UFABC
A moça e a mucama
Gilberto Freire foi um dos
autores mais importantes para a histografia nacional. Em sua obra Casa Grande
e Senzala, aborda aspectos da sociedade patriarcal escravocrata brasileira,
dentre eles, um dos mais relevantes foi o papel da mulher nessa época.
Na obra referida, o autor dá
destaque às relações de submissão exercidas pelo senhor de engenho e à opressão
no convívio dos indivíduos, especialmente sobre as mulheres. Essas relações de
posse e poder senhoril eram naturalizadas e se davam tanto para as mulheres
negras quanto para as mulheres brancas, somente de formas diferentes.
As mulheres brancas, filhas dos
senhores de engenho, eram submetidas a esse sistema patriarcal desde a
infância. Usadas como objetos de troca através do matrimônio, eram preparadas
desde crianças para serem boas esposas. Sua inserção na vida adulta se dava de
forma precoce, sendo consideradas sinhás-moças aos doze, treze anos. Como eram
mães muito cedo, muitas morriam no parto e as que sobreviviam e tinham vários
filhos envelheciam depressa, atingindo a maturidade completa aos dezoito anos.
Passavam a infância sob a tirania dos pais e, ao se casarem, a dos maridos. A
frustração gerada no processo era descontada nas escravas, que sofriam
crueldades como: terem os olhos arrancados, partes do corpo queimadas e unhas
arrancadas.
Já as mulheres negras, tiveram
como um dos papeis mais importantes o de ama de leite. Havia a crença de que se
adaptavam melhor ao clima tropical e eram mais fortes e resistentes. Como as
mães eram prematuras e fracas, as negras eram designadas à alimentar e cuidar
de seus filhos. Sua seleção como ama representava uma ascensão em sua condição
de escrava, sendo assim uma forma de sobrevivência. Outros papeis desempenhados
eram o de reprodutora para a reposição de escravos e o de objeto de iniciação
sexual para os moços brancos. Freyre ainda fala sobre a gentileza das mães
negras com as crianças da casa grande, que os mimavam e contavam histórias.
Exercendo o papel de educadoras, foram responsáveis por moldarem a língua
distanciada do português de Portugal.
Assim, ao expor as diversas
formas com as quais a figura do senhor de engenho empunha sua autoridade sobre
a mulher, tanto àquela considerada de sua classe quanto à negra, vitimada tanto
pela escravidão física quanto sexual, Gilberto Freyre apresenta uma mulher que,
apesar do posto fundamental na construção do modelo de família brasileira,
nunca foi protagonista, mas vista como um adorno chamado de mãe, esposa, filha,
mucama, ama de leite.
Juliana de Almeida e Kelly Costa são estudantes do Bacharelado de Ciências e Humanidades da UFABC.
quinta-feira, 17 de agosto de 2017
Autossuficiência Engenhosa
Gilberto Freyre, sociólogo brasileiro influenciado por Franz Boas, nascido no século XX, escreveu uma das obras mais icônicas da literatura brasileira onde são expostas ideias inovadoras sobre a formação do Brasil em sua época colonial. Um dos aspectos abordados no livro Casa Grande e Senzala é a questão da autossuficiência da Casa Grande.
A obra expõe o patriarcalismo como forma de organização social brasileira, que era refletido na Casa Grande e nas suas relações com a Senzala, essa Casa Grande fazia parte de um engenho, que por sua vez era autogerido. O auto-funcionamento se dava através do trabalho, pelo sistema escravocrata; do modo de produção, pela monocultura latifundiária cafeeira ou açucareira; do transporte, pelas formas de locomoção da época, como o carro-de-boi; da higiene, pela detenção dos recursos relacionados à ela pela Casa Grande; pela política, por meio do compadrismo, e por fim, pela religião, com o catolicismo poligâmico. Dessa forma, Freyre equipara o engenho a um semifeudo, onde o Senhor de Engenho detinha grandes porções de terra, provindas das já não mais existentes sesmarias, e continha uma influência e poder político sobre as pessoas que no engenho estavam.
A própria arquitetura da Casa Grande e da Senzala perpetuava as relações sociais da época. O distanciamento desses dois blocos era a representação de um dualismo existente no sistema, contudo, Gilberto Freyre expõe e coloca o mestiço, produto de um homem branco com uma mulher negra ou índia escrava, como representação de um apaziguamento desse maniqueísmo. A consequência disso foi uma maior integração dos mestiços, negros e indígenas na Casa Grande.
A importância e impacto da obra de Freyre é, sem dúvidas, incontestável. Um livro coerente, onde são expostas diversas relações existentes no Brasil, que foram tratadas de uma forma inovadora. As relações postas entre a Casa Grande e a Senzala, não só em seu aspecto social e político, mas também físico, explicaram a forma de gestão do sistema patriarcal como forma de organização social e como ela moldou a "democracia racial".
A obra expõe o patriarcalismo como forma de organização social brasileira, que era refletido na Casa Grande e nas suas relações com a Senzala, essa Casa Grande fazia parte de um engenho, que por sua vez era autogerido. O auto-funcionamento se dava através do trabalho, pelo sistema escravocrata; do modo de produção, pela monocultura latifundiária cafeeira ou açucareira; do transporte, pelas formas de locomoção da época, como o carro-de-boi; da higiene, pela detenção dos recursos relacionados à ela pela Casa Grande; pela política, por meio do compadrismo, e por fim, pela religião, com o catolicismo poligâmico. Dessa forma, Freyre equipara o engenho a um semifeudo, onde o Senhor de Engenho detinha grandes porções de terra, provindas das já não mais existentes sesmarias, e continha uma influência e poder político sobre as pessoas que no engenho estavam.
A própria arquitetura da Casa Grande e da Senzala perpetuava as relações sociais da época. O distanciamento desses dois blocos era a representação de um dualismo existente no sistema, contudo, Gilberto Freyre expõe e coloca o mestiço, produto de um homem branco com uma mulher negra ou índia escrava, como representação de um apaziguamento desse maniqueísmo. A consequência disso foi uma maior integração dos mestiços, negros e indígenas na Casa Grande.
A importância e impacto da obra de Freyre é, sem dúvidas, incontestável. Um livro coerente, onde são expostas diversas relações existentes no Brasil, que foram tratadas de uma forma inovadora. As relações postas entre a Casa Grande e a Senzala, não só em seu aspecto social e político, mas também físico, explicaram a forma de gestão do sistema patriarcal como forma de organização social e como ela moldou a "democracia racial".
Andréa Paradella de Oliveira e Vinicius Souza Fernandes são alunos do Bacharelado de Ciências e Humanidades da UFABC.
Atividade de Abdias
Prezada turma,
a atividade de Abdias foi corrigida com comentários no blog e há também um comentário final com uma avaliação geral.
Excelente = A (10.0), Muito bom = B (8.0). Bom = B (7.0) e Ok = C (6.0)
a atividade de Abdias foi corrigida com comentários no blog e há também um comentário final com uma avaliação geral.
Excelente = A (10.0), Muito bom = B (8.0). Bom = B (7.0) e Ok = C (6.0)
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